Martírios Urbanos,
Beatriz Mascarenhas.
A mente deste homem que corre e sofre
só.
Corre sozinho, mas sente, o homem
mente?
Segue profanas palavras de gente sem
dó.
Em lares cinzentos, de ética
dormente.
Anestesia contra a mulher da rua,
nua.
Pés que ferem o chão, mente
atordoada.
Anda sob chuva, ou na avenida
escura.
Olhos a tocam e declaram não ser
nada.
O tempo é só um sopro nos olhos do
cego
Que pede moedas em cada suja
esquina.
O cego não enxergará por conta do
sopro.
E as moedas não mudarão a sua
sina.
A dor utópica nos fascina.
Mas em momentos de pesadelos
reais
Nós somos o homem só.
Somos a mulher nua.
Somos o cego no chão.
Somos a esquina suja da rua.
Somos aqueles que negamos e a eles
atribuímos
Um inconsciente perdão
Junto ao alienado e falso
Vício de solidão.