quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Salão de Baile: Aretha Maciel

O Castelo do Poeta entrevista Aretha Maciel, paulista de Ribeirão Preto e residente em Belo Horizonte, bailarina profissional, dançarina da Cia Mário Nascimento, musicista.
DEZ perguntas, DEZ respostas, fotos, filme e muitas formas de dançar e até tocar um instrumento muito diferente...

UM
CP: Com quantos anos você começou a dançar pessoal ou profissionalmente?

AM: Desde criança participava de coreografias na Escola, mas fazer aula e estudar dança mesmo comecei aos 18 anos, em Ipatinga, em um Movimento Negro Social, o Grucon (Grupo de União e Consciência Negra), do qual participava um Amigo meu da época de Escola.



DOIS
CP: Qual a sensação de ter ganho um prêmio tendo uma carreira tão curta ou bem mais curta que a de seus companheiros?

AM: A sensação é de um retorno positivo ao trabalho, que por vezes foi árduo, em ter que correr para me qualificar. É também uma grande honra poder estar ao lado de profissionais que admiro e tenho como inspiração. As vezes acontecem estas boas “surpresas” no caminho.






















TRÊS

CP: O que é mais difícil na dança como profissão, além de claro a alimentação, o condicionamento físico e as contusões??

AM: Particularmente, acho mais difícil o exercício da profissão em nosso país. Ainda temos muito que caminhar em se tratando de reconhecer o trabalho real de um profissional da Arte. Na verdade, temos que caminhar em muitos outros setores e aspectos sociais também.



QUATRO
CP: Você em Escapada (Espetáculo da Cia Mário Nascimento) toca dan ty bá além de dançar, tem outra habilidade além destas duas ou tem interesse em por exemplo, pintar, atuar, escrever, fotografar, desenhar? Acredito que tudo é possível; o dom apenas acelera.

AM: Concordo que o dom acelera e por vezes tempera o trabalho desenvolvido. Minha própria experiência de vida me diz isso. Trabalhei e trabalho muito até hoje para conseguir atuar profissionalmente no que escolhi ou no que me escolheu. Ainda não descobri se tenho mais habilidades (risos). Já fiz aula de acrobacia aérea e outro estilo de dança, b.boy, também. Acho interessante pintar, atuar, escrever, fotografar, desenhar, mas não sei se tenho estes dons. Comecei com o dan ty bá, que é um instrumento de cordas e já me interessei por violão também e no final do ano passado até fiz umas aulinhas. Ainda no caso do espetáculo, trabalhei para tocar acordes e melodia, mas no calor da cena, e do que vem antes, senti a necessiade de simplificar, tendo em vista que tem menos de um ano que estudo. Assim, optei por tocar, em cena, melodias mais simples. Daqui a um tempo, quando eu estiver mais segura ousarei mais.

















CINCO

CP: Voltando a Escapada, foi mais difícil tocar no compasso da dança, contracenar sozinha ou acompanhada?

AM: Tento dar atenção igual a todas as partes e cenas, mas confesso que como meu estudo em música é mais prematuro, esta é a parte com a qual preciso ter mais atenção ainda.



SEIS
CP: Pretende dedicar-se mais a função musical mesmo paralelamente ou é só um passatempo que complementa a sua alma ou providencialmente suas apresentações?

AM: Quero continuar estudando, mas sem pretensões ainda. Acho que é necessário muito estudo. Por enquanto, constitui uma vontade pessoal de ampliar habilidades e alimentar a alma. E, gostaria de agradecer ao meu professor, o músico Micael Pancrácio, por ter aceitado o desafio de explorar junto este instrumento, o dan ty bá, e por compartilhar comigo seus conhecimentos técnicos e artísticos.

















SETE

CP: O que mais você espera da dança? Pensa em criar figurinos, produzir, coreografar?

AM: O que mais espero é poder comunicar algo, “tocar” alguém que vá assistir ao espetáculo. A longo prazo, não tenho certeza. Já trabalhei na produção de Cia. e também gosto. Mas também tenho vontade de criar trabalhos meus.



OITO
CP: Quais suas preferencias e referencias na dança e na música?

AM: Me inspiro através de muitos artistas com os quais trabalhei, trabalho e tenho a oportunidade de assistir. Citarei os que me tocaram mais recentemente na dança: Virginia García, Damián Muñoz, Alexis Fernández, Sidi Larbi e a Cia. Dos a Deux. Gosto muito de música brasileira: Djavan é o primeiro, Chico Buarque, Vander Lee, Elis Regina, Flávio Venturini, Toquino, Vinícius de Morais, Simone, Maria Betânia, Lenine, Maria Rita, outros René Aubry, Beirut, Radiohead... tem muitos que curto.
















NOVE

CP: Quais as dificulades da nudez em dança?

AM: A profissional de dança Aretha pensa que artisticamente o nu pode ser utilizado sim, mas de uma maneira contextualizada, pontual, partindo de algum pensamento ou sentimento que a cena solicite. Não gosto do nu gratuito. Já a pessoa Aretha sente sim um pouco de constrangimento no processo, mas busco construir um subtexto ou sentimento para justificá-lo, mesmo que não seja tão perceptível para o público. Quando comecei a dançar não sabia muito bem o que envolveria. Tranquei a faculdade de engenharia de alimentos em Viçosa e vim para BH. Então, procuro construir sentido em tudo que faço, para fazer valer a pena.



DEZ
CP: Quais os próximos objetivos da profissional Aretha Maciel??

AM: Enquanto bailarina, quero continuar tentando fazer o melhor trabalho possível. E fazer um trabalho meu também.





Recebi através do Castelo do Poeta e da TV Castelo a doce bailarina Aretha Maciel acompanhada de seu muito bacana marido César e nos "vai e vem" de cada assunto descobrimos amigos em comum, pois ambos tem famíliares na cidade do Aço Ipatinga, onde também tenho muitos primos por ser próxima a minha terra, Nova Era. Muito simpáticos e inicialmente tímidos, logo a tranquilidade reinou no local, assim que a bela bailarina me mostrou fisicamente a diferença entre a Dança de Salão e a sua especialidade que é a Dança Conteporânea, inclusive com o pisão no seu pé (muito feio de minha parte, mas tradicional para um leigo), que está no primeiro vídeo.



Em seguida uma demonstração de como se toca o Dan Ty Bá, instrumento de cordas que ela comprou em uma das viagens que fez dançando, para Vietnã (a mesma ainda conheceu Bolívia, Namíbia, Vietnã, Alemanha, Áustria, Suécia, Luxemburgo, Espanha, mas preferiu mesmo o país da ferramenta musical pela simplicidade e humanidade de seu povo). A manhã foi de fato maravilhosa e compartilhamos muitos anseios e desejos artísticos, nos igualamos e por fim, quase vivemos. A artista Condessa, que foi para a corte do Castelo, faz parte da Cia Mário Nascimento. As referencias de suas fotos são: a primeira dançando Divíduo na Quasar; a segunda Só Tinha de Ser com Você também na Quasar; a terceira Escambo da Cia Mário Nascimento e quarta no CEFAR num período em que estudou no Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado, no Palácio das Artes em Belo Horizonte.


João Lenjob
twitter:@lenjob
http://lenjob.blogspot.com

ENTREVISTA E VÍDEOS AUTORIZADOS
MATERIAL FOTOGRÁFICO CEDIDO E AUTORIZADO POR ARETHA MACIEL

6 comentários:

  1. Mandou bem no post Lenjob, muito bacana mesmo...

    Parabens moça bonita pelo trabalho tão completo.

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  2. Fiquei simplesmente emocionada. Tenho a honra de conhecer esta artista maravilhosa, acompanho seu trabalho e claro, sou uma enorme fã. Agradeço pelo presente de retratá-la de forma tão bela e descontraída. Abraços,
    Carolina Padilha

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  3. Oi, João!
    Parabéns pela entrevista e tb a Aretha pelo trabalho! Gostei muito!
    Luciana

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Dancei com ela e gostaria de reencontrar

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