quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Trono: Naomy Schölling

Através do Castelo do Poeta, entrevistei Naomy Schölling, atriz, cantora, diretora, escritora, professora, que conheci por meio da internet e fui muito bem recebido assim como a bem recebi, pois trata-se de uma profissional ética, educada, carinhosa e extremamente inteligente. Curiosamente ela já conhecia meus poemas e o resultado desta historia foi uma amizade fortemente afetuosa. Trocamos figurinhas todos os dias e eu, como também sou artista, estou sempre aprendendo com sua experiencia tão poética e verdadeira.
DEZ perguntas, DEZ respostas, algumas fotos e muitas formas de atuar, cantar, dirigir, escrever e inventar, fazer arte.
João Lenjob

http://lenjob.blogspot.com
twitter: @lenjob


UM
CP: Naomy, Atriz, cantora, educadora? Dá tempo de tudo??

NS: É como fazer malabares. Você tem que dar atenção ao prato que está prestes a cair.


DOIS

CP: E você tem mais talentos, né? Dança e escreve, né?

NS: Dançar, não danço. Engano. Escrever eu gosto, mas não tenho muito tempo infelizmente. Já escrevi uma peça e tenho outra começada. Mas ainda são 'segredos (risos)'. Eu tenho dirigido algumas coisas. Eu adoro dirigir. Comecei com recitais de canto. Ano retrasado dirigi um texto que adaptei, que se transformou na Opereta da Gramática! Dirigi um 'pocket' ópera super legal chamado Manon, de Massenet, com três cantores amigos, que me chamaram pra dirigi-los. Ficou bem legal e foi no Centro Cultural São Paulo e este ano comecei a dar aula de Interpretação Teatral para Cantores na EMESP (Escola de Música do Estado de São Paulo). Eu fiz toda a parte de direção de ator, com os cantores, e também fui meio que assistente de direção na ausência do diretor Mauro Wrona, que estava viajando, com a Cia Brasileira de Ópera do John Neschling.















TRÊS
CP: Como foi o começo na carreira? Qual o processo e a ordem de todas estas atividades??

NS: Eu trabalhava no mercado financeiro, mas não estava muito feliz. Então fui atrás de fazer coisas que eu gostava. Voltei a fazer aula de canto lírico (eu tinha feito alguns meses quando estava na faculdade e cantei no coral) e comecei a fazer teatro amador na Cultura Inglesa, onde eu tinha dado aulas. Daí, fui gostando da coisa, resolvi fazer curso. Fiz um semestre de Célia Helena, mas tive que trancar a matrícula para viajar. Quando voltei comecei a fazer teatro com a Myriam Muniz na FUNARTE. Ela dividia o curso com uma diretora muito talentosa e inteligentíssima, chamada Regina Galdino. Aí a Regina me disse que se eu quisesse realmente trabalhar profissionalmente com teatro eu tinha que fazer a EAD. Aí eu me inscrevi e passei. Eram 20 selecionados por ano. No meu ano, foram 470 distupando as 20 vagas. Começou assim.


QUATRO
CP: Você tem uma preferencia entre as suas qualificações e talentos?

NS: Atuar e cantar. Porque aí sou eu em cena, mas também estou curtindo muito dirigir os outros. Eu acho que sou excelente diretora (risos)!! E os cantores líricos, então? Em um ano de aulas com os jovens lá do Ópera Estúdio da EMESP - precisa ver como eles melhoraram como intérpretes. Os cantores líricos no geral têm uma idéia formada de como se atua, entende? Ficam na 'forma' dessa 'ideia formada' que eles têm. Têm a fórma do 'alegre', a forma do 'pensativo', a forma do 'malvado'. Eu tento fazer com que eles quebrem essas fórmas e fôrmas e cheguem à verdade cênica.





















CINCO
CP: De onde veio a iniciativa da Opereta da Gramática?

NS: A Opereta, eu estava tocando um projeto que tinha iniciado no Teatro Oficina, o Cortinas Lyricas do Oficina, cuja idéia era ter uma apresentação de música clássica por semana aos domingos. Consegui levar o projeto sem um tostão por sete meses, mas ficou complicado, por falta de grana e eu parei com o projeto. Bem, logo no início, eu tive que levar meu carro para o conserto e falei para o dono da mecânica sobre meu projeto eu o convidei pra ir assistir e ele falou que ía falar com a irmã dele que era escritora e compositora. A Maria Zilda, que é mãe de família e dona de casa, e tinha escrito uma peça para ensinar os filhos pequenos o que era sujeito e predicado. Ela me levou a peça lá no Oficina, no domingo seguinte, e eu achei que seria uma boa idéia para tentar fazer em escolas. Então eu adaptei o texto para opereta. Escolhi trechos de Árias de Ópera e adaptei o texto à música. Aumentei um pouco o texto e meus amigos, que sempre topam fazer as coisas comigo, sem ganhar um tostão, toparam. No fim ficou super legal e já conseguimos vender para a cidade de Araras e para o colégio Anglo em Osasco.


SEIS
CP: E como me disse previamente, Belo Horizonte está no seu foco, né??

NS: Bem: todos os lugares estão, na verdade. Um dos cantores da Opereta é de Belo Horizonte. Seu nome é Vandson Paiva (cantor lírico formado no Coral Lírico de Minas Gerais e coincidentemente conhecido de parte dos nobres do Castelo e particularmente muito amigo meu há aproximadamente dez anos). Ele é baixo. Cantava no coral do Palácio das Artes daí. Ele é muito legal e talentoso. Participa normalmente de vários musicais aqui em São Paulo. Agora passou no musical que o Zé Possi Neto vai dirigir que é New York New York.
















SETE
CP: E como nasceu a ideia da sua personagem Pussy Purpurina?

NS: Eu queria criar um personagem pra colocar no youtube. Eu tinha feito uma vez uma leitura de um texto cômico, com uma amiga, e um dos personagens que eu fazia era uma apresentadora de programa infantil, loira, burra e totalmente sexualizada. Juntei com o fato de eu ser cantora. Isso tudo com um amigo meu que me ajuda a elaborar minhas ideias malucas. Daí surgiu a Pussy. Então tive a idéia dela ter um assistente de palco, tipo uma Paquita, só que um Paquito e como hoje em dia a 'frutificação' da mulher tá em voga: mulher moranguinho, mulher pesseguinho e sei mais lá o quê. Tem a samambaia também, né? Estávamos vendo um programa desses de entrevista à tarde e ouvimos que íam lançar a mulher múmia! Aí eu falei: que tal o Homem Múmia? E logo em seguida veio a idéia do Homem Preservativo. Então ficou a Pussy Purpurina e seu assistente para assuntos aleatórios e dançarino, o Homem Preservativo. Uns amigos me ajudaram a filmar o Especial de Natal da Pussy que foi no ano passado. Depois tive a idéia de aproveitar o Show Das Bandas do Oficina, que estavam querendo fazer com os cantores e músicos do Teatro Oficina durante nossa turnê, pra divulgar a Pussy e comecei a fazer parte dos shows como Pussy. E é assim que estamos. O ano foi corrido por causa da turnê, mas pretendo investir mais na Pussy, continuar investindo, prosseguindo.


OITO
CP: Quais foram os processos mais complicados da nudez e a interação com o público em palco como os vividos nas peças do Zé Celso?

NS: A nudez no Oficina é vista com muita naturalidade e a gente vai se acostumando a isso. O início foi mais complicado - eu nunca tinha nem mostrado os seios no palco - mas hoje em dia eu já vejo com muito mais naturalidade o 'estar nua em cena'. Eu adoro a interação com o público. Sempre gostei! Já tinha feito teatro em Feira de Útilidade Pública (a UD, lembra?) E tínhamos que interagir direto. Também já tinha feito peça em festa de aniversário de criança!! Dá pra imaginar? Se você não interage, e se não tem a força/energia pra dominar a cena, você está ferrado! As crianças dominam!! (risos) Eu gosto de estar perto do público. Sempre quebro com a 'quarta parede' nas comédias que faço, ou nas óperas cômicas que canto. Tudo o que eu já fazia na verdade caminhava a esse contato mais próximo e 'interativo' com a platéia. Acho que talvez por isso eu goste tanto do trabalho que faço no Oficina.
















NOVE
CP: Você sente falta artista de se envolver mais com cinema e televisão (TV)?

NS: Gostaria de fazer TV e cinema, mas não sei se tenho o perfil. Não tenho paciência pra correr atrás de TV. Gostaria de fazer cinema, mas também não tenho os contatos. Se um dia rolar vai ser legal, mas tô tentando criar um caminho meu, que nem sei exatamente qual é, mas vou descobrir.


DEZ
CP: Quais são os próximos projetos da Naomy?

NS: Um deles tem o título provisório de De Prostíbulos e Canções, uma peça/recital, formada com depoimentos reais de prostitutas. Já fiz uma entrevista e elas têm umas histórias ótimas! Só falei com uma mulher que faz programas. Ela vai me indicar amigas dela pra eu entrevistar. A 'crueza' dos depoimentos vai contrastar lindamente com as canções de um compositor brasileiro de 80 anos chamado Edmundo Villani-Côrtes.


Direto do Trono, a Rainha Naomy Schölling, artista completa, paulistana, residente em São Paulo, mas que viaja o ano inteiro o Brasil inteiro. Esteve recentemente em Belo Horizonte se apresentando e trouxe ao Castelo do Poeta uma entrevista brilhante, como ela. Com vocês minha querida amiga Naomy ainda pode ser visitada nos http://www.naomyscholling.com.br (o site ainda não foi atualizado com a turnê com o Teatro Oficina este ano), http://naomyscholling.blogspot.com, http://pussypurpurina.blogspot.com e http://operetadagramatica.blogspot.com.

ENTREVISTA AUTORIZADA
MATERIAL CEDIDO E AUTORIZADO POR NAOMY SCHÖLLING

3 comentários:

  1. João! Espero que este blog te abra muitas portas e te crie muitas oportunidades! Porque vc o faz com muito amor, carinho e vontade!! Feliz 2011!!!!! Beijo grande!!! NAOMY

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  2. Que estupendo! Naomy não para! É arte constante.

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