sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Biblioteca: Taís Fernandes

A Beleza Cansada do Destino.
Tais Freitas Estrela Fernandes

Agora sim, vão se 2010 anos, ficam-se os que virão.
Agora, a vida começa a criar forma de rotina. A rotina que à casa torna, entorna, transborda.
Escorre o tempo, o sono. A gente tenta, uns ainda irão tentar, talvez ano que vem.
O destino se cansa.
É tudo em vão. Muda de estação.
Lá vem o trem. E ele nem sempre vem às 11. Ele não espera, nem se cansa.

E quem espera, nem sempre alcança. Muitas vezes dança. Ou samba.
Samba um enredo básico, arrastado pelos tamborins, no curso da bateria que traça seu caminho até o seu presente fim, a espera de um futuro passado. Passado à limpo.

Cedo ou tarde, dance. Cedo ou tarde, espere.
Deus também ajuda quem acorda tarde.
O destino descansa.
Quando puder, levante a noite, durma pela manhã, ressuscite sua sede, voe pelas águas. Nade por aí, chame outras andorinhas. Faça seu verão.

Verão que nem sempre terá o brilho do sol. Verão o cinza, verão todas as cores, menos o sol.
Ele encontrou com o destino, e estão reclamando de nós. Desatando seus nós.
Deixe-os lá. Contemple o cinza, a fumaça, esparsa.

Vá ter com os patos. Tire os sapatos.
Faça como as galinhas. Não as galinhas comuns.
As que tiram seus sapatos. Nadam com os patos, e não morrem afogadas. São mais espertas que as outras.

Ousar, invadir outros grupos, trocar valores, ressaltar horrores.
Amar, se comunicar.
Ser você, ou ser eu. Tolerar constantemente a incessante adaptação às novidades.
Refazer ditados. Mover tratados. Remediar, recriar, gritar.
Sorrir, chorar.

Não desconfie de um sorriso. Ele não tem culpa de nada.
E se por acaso a esmola for demais, mande o santo relaxar, aproveitar, e deixar de ser tão desconfiado.

Não desconfie de uma lágrima. Ela não tem culpa de nada.
Ela se revolta. Te culpa e depois te solta.
O destino então se revolta, e volta.
Não bata demais nas pedras, nem tente fura-las. Elas serão sempre duras, o que não é o caso da água, que hoje pode ser mole, mas um dia se tornará sólida, e será quebrada pela mesma pedra.

Use as pedras pra contornar o lago do seu jardim. Margeando o zapear dos peixes, protegendo o reflexo de suas “moles” águas tranqüilas, onde patos e galinhas contemplam as rosas e suas prosas, sob o voar de uma linda andorinha que não quer verão.
O verão já era. Ela quer a primavera.
Em um vôo baixo, abre suas asas, brinca com o destino, e estimula minha imaginação, que nesse momento não quer asas, nem verão.
Quer pés. No chão.
O destino dá a volta, e volta.

Se reconhece belo, e segue seu caminho reto, sem teto.
Construindo sonhos concretos e castelos secretos.

A Taís é uma Viscondessa e Artista que eu diria ser uma grande e agradável surpresa. De admiradora do Castelo conheci uma talentosa mulher que carinhosamente escreveu esta crônica com exclusividade pro Castelo e ela sempre estará aqui. Estou certo disso. Coincidentemente, a escritora do Vale do Aço é prima torta do Artista Plástico Vitor e também da sempre colaboradora do portal Claudinha Serrano; estes: dois irmãos.

João Lenjob
twitter: @lenjob
http://lenjob.blogspot.com

O TEXTO ACIMA FOI CEDIDO E AUTORIZADO POR TAÍS FERNANDES

4 comentários:

  1. Lindo texto, Taís!
    Detonou no jogo de palavras, um arraso!

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  2. EH, coisa boa!gente....
    O castelo do poeta acaba de apresentar uma das mais inspiradoras,suprendentes e admiraveis crônicas dessas Prima Tais Estrela, ja nasceu para brilha,e como seus raios iluminam nosso cotidiando como sua forma real,porem poetica de escrever.
    João Lenjob, o grande amigo, pra mim, joãozinho(...)sempre valorizando o que é bom, parabens E obrigada ao portal!É PRIMA DO CORAÇÃO,É VERDADEIRA,TORTA COSANGUINEAMENTE....MAS PRIMA QUE ESCOLHEMOS PRA CHAMAR DE NOSSA!!!! ELA É MUITO IMPORTANTE,VERDADEIRA ARTISTA,OLHA O NOME "TAIS ESTRELA"
    beijos
    Claudinha Serrano dos reis Carvalho

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  3. Taís, como sempre um texto profundo, bem escrito e tocante. Parabéns. Já me considero fã de seus maravilhosos textos.
    Parabéns.

    Rodrigo Cristiano Alves

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  4. O destino é traiçoeiro e cruel. Cabe a nós, humanos ditos 'astutos' adotar uma postura gélida, diferente do nosso tempo. NUNCA siga um provérbio ou algo que pareça provável.

    Temos que trabalhar com a incerteza.

    Quase uma negatividade.



    ... gisele F. Estrela.

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