Pequenos contos I
Graciliana
Rosângela Maluf
Graciliana
Rosângela Maluf
Quando Graciliana se casou não houve quem não duvidasse daquilo tudo...
Ainda que pobretona e sem muito saber, era moça bonita, cheia de vida, graciosa, em suas saias rodadas, a andar descalça pela ruelas da vila. E foi numa dessas ruelas que seu Tenório a viu e foi tomado por puro encantamento.
Aquele velhote, fedido e desengonçado era dono de uma imensa plantação de laranjas e, a despeito de sua boa reputação e gorda conta bancária, guardada na cidade vizinha, era uma pessoa desagradável, sempre sujo, engordurado, com aquele inseparável cigarro a lhe envolver numa nuvem malcheirosa. Aparentava muito mais do que os 60 anos que dizia ter.
O verdadeiro motivo daquela união, nunca se soube, mas conheceram-se, noivaram e se casaram em menos de 6 meses. Graciliana não falava sobre o casório com ninguém. Começou a andar bem vestida, sapatos nos pés acostumados a chinelas baratas; usava um batom vermelho brilhante e passou a prender os cabelos deixando a nuca à vista.
Aos domingos, depois da missa, passeava com o marido, de braços dados, sem ares de tristeza mas sem nenhum sorriso de alegria. Os meses se passaram e algum tempo depois , nasceu Baltazar.
Um dia chegou na cidade um moço moreno...
Queria ver umas terras, comprar um laranjal.
Tinha parentes na capital, donos de uma fábrica de suco de frutas. Gostou quando viu aquela mulher andando altiva, balançando a bunda.
Tudo foi rápido demais: não houve compra de terras, não teve mais casamento com o velhote, nem pai nem mãe nem marido, não houve casa montada, nem roupa na costureira, nem conta no armazém, nem samambaias na varanda, nem avencas sobre a mesa de jantar; nem roupas quarando ao sol; não houve missa nem festa, não teve braços dados nem passeio, não houve mais senhora aqui senhora pra lá, nem conta na venda.
Ficaram o sabonete na pia e o laço de fita; um par de chinelos, debaixo da cama, uma medalha de São Judas Tadeu no casaquinho do filho!
Sobrou, dia e noite, o choro do pequeno Tazinho chamando "mamãe"!
É com muito orgulho que apresento aqui a Prima, Viscondessa, Pessoa de super envolvimento com a Arte e Escritora Rosângela Maluf, a Rô Maluf, que estimo por grande talento que tem. É um privilegio tê-la no Castelo e ela volta semana que vem com outro conto. Mais de seus trabalhos no Recanto das Letras e em breve em seu livro e também no Teatro. Seu blog é o http://romaluf.blogspot.com.
O TEXTO ACIMA FOI CEDIDO E AUTORIZADO POR ROSÂNGELA MALUF
querido joão,
ResponderExcluiradorei ver meu conto publicado em seu castelo; que venham outros, quantos mais vc queira publicar!!
um grande beijo e um 2011 cheio de saúde, alegrias e afetos
com carinho
rô
Já conheço outros textos de Rosangela Maluf, e todos têm a mesma leveza, a mesma objetividade, e o mesmo encanto. Não se consegue parar de ler, até o desfecho do mesmo. São sempre um brinde ao leitor. Parabéns à escritora, e ao seu 'padrinho' na publicação.
ResponderExcluirNajla Lamounier.
Parabéns Rosângela,que venham mais contos.
ResponderExcluirBela narrativa!
ResponderExcluirRô, adorei seu conto!
ResponderExcluirConta mais!rsrsrsrs
Orminda
Belo conto, que bom poder lê-lo aqui.
ResponderExcluirAbraço, Juliana.
Querida Zanza,
ResponderExcluirDesde que éramos jovenzinhas lá na nossa terrinha que eu imaginava que você "daria em alguma coisa". Não é que deu mesmo! Parabens! Bjos
Zinha
zinha, que bom que não decepcionei vc !!aproveito para sugerir uma visita:www.recantodasletras.com.br/autores/romaluf
ResponderExcluirlá vc encontrará vários contos e muitos poemas.
feliz ano novo pra vc, wagner & cia...
beijos e obrigada
Excelente, Rô.
ResponderExcluirEste é o seu outro lado que eu não conhecia.
Parabéns!
Mauro Venício