Lembrança das Águas
Franciná Lira
Diante dessa imensidão de águas
Recordo-me da minha infância
Onde os rios e lagos, mata e floresta
Comungavam minha vida de inocência.
Eu vivia a brincar em canoas
Remar sem direção por mera diversão
Largar o meu anzol e pescar piabas
Por entre as brechas das tábuas do assoalho
E brincar de fazer caldeirada.
Hoje os meus olhos voltam-se
Para a realidade dos alagados
Cidades submersas.
Pego o me remo e entro na canoa...
Meu corpo não é mais de criança
Mas minha mente leva-me
Aos meus dez anos de idade
E cintilam em cada remada.
Angustia e alegria misturam-se
E confundem-me.
Não sei se me deleito em minhas memórias
Ou compadeço-me por esse povo sofrido
Que anseiam o baixar das águas.
Ah! Que maravilha poder remar novamente!
Deslizar minha canoa por essas ruas alagadas...
Vê as crianças banharem-se e brincar inocentes.
Perdoem-me por esse sentimento de felicidade
Diante deste infortúnio que é esta enchente...
Novamente a nossa escritora do Norte Franciná Lira que pode em breve fechar uma parceria com o Castelo. É semre bom ver este talento com a gente.
Castelo do Poeta
@castelodopoeta