quarta-feira, 25 de abril de 2012

Com o Cetro: André Jerico

Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.


André Jerico, Baiano, Designer, Escritor



Você critica seus próprios trabalhos?
Possuo uma constante relação de inquietude com o que produzo. Em determinado tempo beira a insatisfação e rejeição. Em outros, o namoro desconfiado. Culpa do meu perfeccionismo e da insegurança do baiano. Sou muito duro com o que produzo, mas estou aprendendo qual a hora certa de mostrá-los ao público. Isso é muito difícil num ambiente tão fugaz e dinâmico como a Internet.

O que é o amor?
Ah cara... De forma figurada, amor pra mim é a linguagem criada pelo universo para que o ser humano pudesse definitivamente entender que mesmo vivendo entre iguais  ele só se encontrará quando se libertar de suas merdas e proporcionar  felicidade para os outros, agregando à sua vida seus opostos e as diferenças. Amor é redenção, liberdade e soma.

As conquistas interferem na vida pessoal?
Sempre! Nós somos seres de jornada e o cotidiano torna nossa caminhada muito chata. O cotidiano é um porre, é enfadonho, é antiproducente; tédio puro. A conquista, a inovação e tudo aquilo que dá um "up" em nosso ego é sensacional para que possamos contrabalançar essa coisa toda. Ao mesmo tempo, aquilo que conquistamos sempre é bacana porque nos lembra que estamos muito acima das idiossincrasias do dia a dia e que não somos tão sem-sal assim. 

Qual o maior momento da carreira?
Não posso dizer que tenho carreira artística, não. Juro que nunca mensurei isso. Porém se eu tivesse que citar um momento de minha vida que foi super importante para mim eu diria que foi quando eu fui coordenador do empreendimento cultural por vias digitais de minha autoria denominado Projeto Macabéa e da Revista Trapiches de Cultura e Arte por quase dois  anos. Foi grandioso e me deu a honra de conviver e aprender com gente de peso do mundo cultural e artístico das diversas regiões desse Brasil. Em certo momento da minha vida eu me peguei conversando diariamente, através das janelas de meu laptop, com gente como Estrela Leminski em Curitiba, Tavinho Paes no Rio, com Paulo D'Auria, Karla Jacobina e Marcelo Ferrari em sampa, com Maqueli Ká, Bruno Brum, Ana Letícia e Lenjob em BH, com Bruno Candéas em Recife, com Mônica Sangalo e Silvia Câmara em Salvador e com mais dezenas de outras pessoas de fina estampa de outras tantas cidades por esse país afora. Impossível ser melhor! Dá uma saudade enorme.

Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?
É só olhar e perceber as pessoas envolvidas e as causas que movimentam este trabalho. Se tanto uma quanto a outra forem positivas, já valeu a pena.

Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?
Todo instrumento midiático de cultura tem a extraordinária responsabilidade de engrandecer a sociedade através dessa que é a maior e mais competente ferramenta sócio-educacional  existente. Se, através do Castelo, o meu humilde trabalho cumprir seu papel de cooperar com esse processo, me dou por satisfeito.

O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?
Minha família é a coisa mais importante de minha vida! Meu pequeno trabalho literário, como tantos outros trabalhos que desenvolvo, é fruto da enorme afeição e da admirável paciência que minha mulher e de minhas duas filhas dispensam comigo. Digo isso porque não sou bolinho.

O que você mais deseja atualmente?
Em arte, publicar meu primeiro livro de contos e poesia, porque já estou me devendo isso há algum tempo. Faltou coragem, bem mais que oportunidade. Na vida, a paz e a paciência que ainda não conquistei.

Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?
As peculiaridades de cada ser humano já são uma grande enciclopédia por si só. Essas particularidades analisadas em sua dinamicidade, desde as coisas mais bucólicas, como o zum zum zum das cidades em seu dia a dia, aos movimentos culturais sócio-regionais são um prato cheio para quem quer fazer arte popular. Por sinal, a respiração do seu povo deveria, em regra, interferir no trabalho de todo o artista.

Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?
Admiro demais o trabalho de pessoas que fazem de suas vidas profissionais verdadeiras ferramentas do fomento da arte e da cultura por esse país tão desabastecido, muitas vezes até em detrimento de sua própria produção artística pessoal. Graças à Deus conheço alguns desses nomes. Pessoas que inclusive trabalharam comigo no Projeto Macabéa e na Revista Trapiches. O meu amigo João Lenjob é um exemplar desses caras.

João ficou muito feliz em saber das considerações do amigo Jerico e disse corresponder tal admiração. Os dois trabalharam juntos no projeto da Revista Trapiches, que era liderado pelo André. O cara segundo Lenjob é talentoso, inteligente e tem visão. Sempre o temos por aqui, enfatizou alegre nosso Editor.

Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta

3 comentários:

  1. André:
    Uma verdadeira dádiva sua entrevista! Sua realizações, inquietude e anseios me levam à relexão e à responsabilidade social de continuar meu trabalho educacional, depois de uma aposentadoria.
    Você não tem se furtado ao seu chamado. Mostra de coragem e desprendimento em favor de uma coletividade. Parabéns!
    Desejo que todos os seus projetos sejam concretizados, pois conheço seu talento e, especialmente, os seus nobres sentimentos.
    Um enorme abraço do tamanho da minha admiração por seus feitos.
    Sara Caixeta

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  2. André, cada dia que passa mais me orgulho do seu desenvolvimento como artista, como escritor, como amigo. Sua entrevista demonstrou sua maturidade como artista, como homem. Agora é a sua hora. Admirável. Parabéns pela ótima entrevista. Rosana Ramalho Grotto

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