terça-feira, 17 de abril de 2012

Com o Cetro: Lou Albergaria

Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.


Lou Albergaria, Mineira, Escritora, Economista



Você critica seus próprios trabalhos?
Sempre! Sou minha crítica mais feroz e voraz. Sou extremamente perfeccionista nessa busca dentro da poesia. Estranho que em nada mais na minha vida eu apresento essa obsessão pela forma mais exata de expressão, só mesmo na poesia.

O que é o amor?
Amor é uma invenção da 'psiquê' pra tornar a vida mais interessante (risos). Brincadeira! Aahhh.... amor é O que o ser humano tem de mais puro e que AINDA resiste ao caos, não sei por quanto tempo.

As conquistas interferem na vida pessoal?
Que conquistas? Poeta só conquista alguma coisa depois que morre. E, OLHE LÁ (risos)!! 

Qual o maior momento da carreira?
A publicação do meu livro em abril de 2011; o meu segundo livro, O Cogumelo que Nasce na Bosta da Vaca Profana, pela Editora Vidráguas. Meu primeiro livro, Pessoas e Esquinas, foi uma editoração artesanal que eu passava às pessoas por encomenda. Hoje, tenho até vontade de disponibilizá-lo para ser baixado no meu Blog. Assim que for possível farei isso. Agora comecei a trabalhar no terceiro livro: OVário. Sinto que está sendo uma evolução na minha trajetória.

Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?
Esse "dar certo" talvez ainda não tenha experimentado. Caso esteja se referindo a alcançar grandes mídias. O meu "dar certo" é receber as centenas de leituras das pessoas nos meus blogs e redes sociais diariamente. A repercussão imediata que meu trabalho aufere. Entretanto, nunca faço minha poesia objetivando um fim, no caso, agradar as pessoas. Ao contrário, a poesia que mais me agrada é a que instiga, provoca, enfim, faz com que as pessoas saiam de sua zona de conforto já estabelecida e se permitam se lançar ao desconhecido, ao que causa um certo desconforto. Isso é mais interessante. Infelizmente, nem todos estão dispostos a isso. É mais prudente se entregar aos velhos lirismos já consagrados e não se arriscar. Eu, contudo, prefiro arriscar sempre. Ainda que isso implique críticas bastante fortes ao meu trabalho; mas também recebo muitos elogios e identificação.

Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?
Minha poesia tem o firme propósito de buscar novos paradigmas. Amo os clássicos, mas minha sina como poeta é provocar o meu tempo. Desejo que as pessoas formem uma consciência crítica em relação a seus valores, comportamentos e sentimentos. Talvez, seja muita pretensão da minha parte, mas é essa minha sincera intenção. Para isso, me dedico tanto.

O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?
A Vida é a coisa mais importante da minha vida. Todo o resto é especulação.

O que você mais deseja atualmente?
Continuar produzindo minha poesia, ainda que sem o menor apoio de editoras ou mídia especializada. 

Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?
Sempre interferem, pois meu trabalho é uma "crônica" das impressões que colho das ruas, das pessoas,enfim, de todas as relações humanas. Não me atrai muito aquela poesia inebriada de um lirismo belo, porém vazio. Pra quê escrever que a 'florzinha' é uma dádiva se o meu irmão está sentado no meio-fio com fome, e muitas vezes não só de comida, mas fome de vida, de realizações, de sonhos, de prazer. Amo as 'florzinhas', mas prefiro o ser humano inteiro, livre e feliz. Até mesmo para cuidar e apreciar as 'florzinhas', por que não?
Li do Quintana em seu Baú de Espantos:
"Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte 
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras." É nisso em que verdadeiramente acredito.

Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?
Quintana, Hilda Hilst, Bukowski, Jan Saudek, Fassbinder, Almodóvar e mais alguns loucos por aí...

Receber a Escritora em pauta no Castelo sempre foi um desejo do João Lenjob. Há muito ele negocia, busca isso e enfim este talento mineiro chamado Lou Albergaria. 

Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta

4 comentários:

  1. É certo: ninguém é o centro do universo. Mas se a vida, Lou, uniu-te aos versos, saiba: com cetro ou sem cetro, você governa!

    "A Vida é a coisa mais importante da minha vida."

    Fiquei emocionado!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. A poesia de Lou Albergaria toca-me profundamente. Ela atingiu-me como um raio!

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