quinta-feira, 5 de abril de 2012

Com o Cetro: Eline Neves

Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.


Eline Neves, Mineira, Atriz



Você critica seus próprios trabalhos?  
Sempre fui muito crítica no meu trabalho de atriz. Nunca acho que está satisfatório. Por um lado é bom  porque faz com que você não fique na sua zona de conforto, procurando melhorar o seu trabalho constantemente. Por outro lado, pode ser prejudicial se você não souber lidar com o processo criativo de forma mais leve e construtiva.

O que é o amor?
Sentimento mais complicado de se definir. Mas, acredito no conceito de que o amor nos ajuda a dar sentido à vida. É aquilo que nos faz mover por algo maior. Amar é um ato nobre e generoso, ditado pelo sentimento, pelo coração. O que fica nesta vida é o amor que fomos capazes de dar e receber. Pode parecer auto ajuda, mas faz sentido. Como aquele verso final: “sem amor, eu nada seria”.

As conquistas interferem na vida pessoal? 
Acredito que qualquer conquista profissional pode contribuir para te deixar mais satisfeita e realizada e que repercute positivamente na vida pessoal. Claro que para isso tendemos a ter menos tempo com nossos amigos e familiares. Se você estiver em uma relação afetiva, cujo parceiro participa e torce pelo seu sucesso e que existe respeito ao espaço e a personalidade de cada um, tudo isso só nos fortalece.

Qual o maior momento da carreira? 
O que ainda está por vir, porque no meu caso, ainda não veio.

Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?
Quando se trata de trabalhar com arte, nada é previsível, quase sempre é um risco. O processo de uma peça, um filme, vídeo ou novela se faz na interação com o público, sem jamais subestimar a inteligência das pessoas. Todo mundo gosta de uma história bem contada e bem interpretada.

Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?
O trabalho do Castelo é relevante por dar espaço generoso aos profissionais da arte de BH. Estamos fora do eixo Rio/São Paulo e merecemos ser mais valorizados e conhecidos. O legal é constatarmos a potencialidade das redes sociais como meio de divulgação. Trabalhar como atriz não é só glamour. É uma profissão muito difícil. Em tempos de inversões de valores e do imediatismo para se atingir a fama e o sucesso a qualquer custo, continuo acreditando que é possível construir uma trajetória mais digna e que seja possível escolher melhor cada trabalho, valorizando cada etapa do processo criativo, tomando cuidado para que a ansiedade e a pressão do tempo não contaminem negativamente a qualidade artística.

O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?
Não. Diversas áreas são importantes. Devemos ficar atentos para sabermos se estamos progredindo ou não em cada uma: vida pessoal, afetiva, familiar, profissional, social, amigos.

O que você mais deseja atualmente?
Desejo tantas coisas! Nesse momento, quero atingir meus objetivos através dos estudos. Desejo futuramente retornar aos palcos, dar continuidade ao meu trabalho, seja no teatro, cinema ou televisão. Gostaria que houvesse mais oportunidades de trabalho como atriz. Um dos meus grandes prazeres é viajar. Adoraria, por exemplo, dar a volta ao mundo. Nos últimos anos, venho conhecendo cidades e países com meu marido. É uma das grandes experiências que podemos usufruir, um privilégio.

Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?
Qualquer interferência ou opinião durante os ensaios, durante a construção de uma personagem, é bem- vinda, desde que seja de forma construtiva e positiva e não o contrário.

Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?
A lista de artistas que admiro é enorme, seja pela postura profissional ou pelo excepcional talento. Fernanda Montenegro é um exemplo singular de atriz, no melhor e mais completo sentido da palavra. Tony Ramos, então, nem se fala. Sou fã dele desde pequena. Tony é mais que um ator. Ele nos mostra que é possível fazer TV, sem se perder no circo das vaidades, mantendo sua vida privada longe dos holofotes e selecionando rigorosamente as publicidades que faz. O que não falta no Brasil são atores talentosos. Na moda, amo o trabalho do Ronaldo Fraga, da Isabela Capeto e das marcas Maria Bonita Extra e Maria Filó. Temos um dramaturgo muito talentoso aqui de BH, o Sebastião Maciel. Ele está trilhando um belo caminho. Gosto também do cantor e músico Pedro Morais, outro talento com tudo para ser mais conhecido na mídia, muito além dessas montanhas. 

Amiga pessoal de João Lenjob, há muito ele estimava tê-la no Castelo e foi atendido imediatamente como sempre. João tem um carinho e uma admiração muito grande pela competente atriz que ele já viu em cena. Créditos da foto para Guto Muniz.

Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta

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