Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.
Você critica seus próprios trabalhos?
Sempre. Tenho até um certo problema com auto-crítica: nunca acho que um trabalho está bom o bastante pra ser exposto ao público e isso às vezes me atrapalha. Um grau de exigência muito alto não é benéfico para um fluir natural das coisas. Acho que a inspiração precisa de um certo relaxamento mental e físico. Se você se cobra demais, acaba criando barreiras à criação. Vi uma frase outro dia que resume bem essa idéia: "Poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons" .
O que é o amor?
Não sei e acho que nunca vou conseguir definir o que é o amor. Sou uma pessoa de grandes paixões. Isso consigo definir bem. Tenho dúvida se o que sinto por coisas ou pessoas pode ser chamado de amor. Sei que certas pessoas me fazem muito bem e tenho muita vontade de estar perto delas, mas creio que o amor seja algo mais sublime, mais santo, que transcenda necessidades físicas, egoísmo, ciúme e afins. Talvez quando tiver um filho estarei mais apto a falar sobre o amor.
As conquistas interferem na vida pessoal?
Sempre. Sempre que obtenho êxito em alguma coisa que quero muito, há um reflexo e uma mudança na minha relação comigo mesmo. É como se cada vez que isso acontecesse eu me tornasse mais amigo de mim de mim mesmo, mais conhecedor de quem eu sou, mais honesto, e, obviamente, isso influencia as minhas relações possoais. Ainda que sejam aspectos muita vezes momentâneos, uma pessoa satisfeita, feliz e segura, interage socialmente de forma diferente de uma que não está nos seus melhores dias. O distanciamento completo da vida profissional, artística ou não, da vida pessoal é impossível ao meu ver.
Qual o maior momento da carreira?
O maior momento da minha carreira artística, sem dúvida, foi o espetáculo "Romeu e Romeu". Foi um divisor de águas na minha vida. Quase tudo que vivo hoje artisticamente é em decorrência desse espetáculo. Fiz amigos pra vida toda e conheci uma pessoa muito importante na minha trajetória, meu exemplo de artista, meu amigo e diretor Kalluh Araújo.
Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?
Nunca sei. Dou sempre o meu melhor. A medida de qualidade de um trabalho pra mim é a minha satisfação. Não me preocupo em ter grandes públicos, popularidade, etc. É claro que quero que as pessoas gostem do que estou fazendo, mas o principal pra mim é saber que dei o meu melhor e tive um resultado artístico satisfatório.
Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?
Vou falar por mim. Gosto sempre de ouvir o que as pessoas pensam. Pontos de vista diferentes, interpretações diversas de um mesmo estímulo. Não pretendo servir de exemplo pra ninguém. Estou ainda caminhando, aprendendo. Talvez um dia eu seja um bom exemplo. As pessoas que lerem o que eu escrevi certamente irão pensar sobre os assuntos que foram tratados e pensar na própria vida, fazer uma comparação entre as minhas respostas e as que elas dariam às mesmas perguntas. Levará a uma reflexão. Isso pra mim já é o bastante e super valioso.
O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?
É. Apesar de não tirar o meu sustento da vida artística, passo o dia inteiro pensando em arranjos musicais, solos de guitarra, cenas. É o que dá sentido à minha vida, é quem eu sou.
O que você mais deseja atualmente?
Compor boas músicas e gravar um trabalho próprio da minha banda, Mamutes. Já tenho muita coisa feita e espero até o final do ano realizar esse desejo.
Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?
Tento aprender com as pessoas que admiro. Naturalmente meu trabalho é influenciado por essas pessoas. Se alguém me ouvir tocando guitarra por exemplo, poderá perceber frases de guitarristas consagrados mas que, em meio a um misto de influências, acaba soando como o Léo, entende? Acho que em tudo é assim. Somos uma mistura de tudo que gostamos, e dessa mistura sai o que agente é.
Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?
São muitos, mas "de estalo" me vêm a cabeça dois. Na música, o músico/guitarrista Richie Kotzen é o meu maior ídolo. Toca e canta em um nível altíssimo. Faz belíssimas canções que me emocionam muito. Com 17 anos ele já era um dos melhores guitarristas do mundo, nunca para de buscar coisas novas, e sempre com muito sentimento, muita verdade. Com o perdão da palavra, o cara é foda! No teatro, o diretor Kalluh Araújo é o meu norte, é o cara mais criativo que conheço, aprendi e aprendo muito com ele. Agradeço ao Castelo do Poeta e ao amigo João Lenjob essa oportunidade de falar um pouco sobre mim. Grande Abraço!!!
Este é um profissional exemplar sim. O Castelo agradece a oportunidade de veiculá-lo aqui e espera outras alternativas de fazer isso sempre. João Lenjob, amigo de Léo, agradece a força e retribui o abraço.
Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta
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