quinta-feira, 24 de maio de 2012

Com o Cetro: Fernanda Colcerniani

Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.


Fernanda Colcerniani, Mineira, Professora, Escritora



Você critica seus próprios trabalhos?
Acho que critico-me como qualquer ser humano critica a si mesmo. Por ser humana, tenho a alma crítica... Então, se faço isso com os outros, faço comigo também, e muito!!! Muitas vezes algum trabalho fica por tempos guardado por eu não achar que ele está pronto para ser mostrado. Isso muitas vezes me prejudica como "escritora", porque acabo retendo muitas coisas por insegurança da crítica do outro, já que eu mesma não consegui aprovar. 
Não é muito diferente como professora. Quando não dou uma aula legal, me sinto um pouco frustrada.

O que é o amor?
Amor... Hum, hoje mesmo li algo sobre o amor e dizia que o amor é "um sentimento dos seres imperfeitos que buscam a perfeição" (Joshua Cooke). Mas não sei se é bem isso que eu penso. Na verdade essa pergunta não veio em boa hora. Estou reformulando a ideia de amor dentro de mim. E tenho a sensação de que estou mais rígida e severa para as coisas que podemos considerar como "amor". E ando desconfiada de que o ser humano desconhece tal sentimento... Pelo menos a maioria, desconhece o amor verdadeiro... Isso que chamam por ai de amor é qualquer outra coisa, menos amor. 

As conquistas interferem na vida pessoal?
Eu não sou boa em separar vida pessoal de vida profissional. Sou um ser único, não consigo me fragmentar... Então tudo o que acontece comigo, de bom ou de ruim, me afeta em todos os aspectos possíveis, seja para o bem ou para o mal. 

Qual o maior momento da carreira?
O maior momento é sempre aquele que me faz feliz... Então, todos os momentos que me senti feliz e plena, foram os melhores.

Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?
Eu nunca sei. Apenas faço o meu melhor.

Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?
O Castelo é um lugar que tem a minha cara. Talento, cultura e mar de poesia em um único lugar. Onde tem poesia, eu estou.

O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?
O trabalho é complemento fundamental da minha vida, mas não é o mais importante.

O que você mais deseja atualmente?
Desejo me encontrar. Estou precisando muito sentir aquela sensação de que estou fazendo a coisa certa, seguindo o melhor caminho. Mas esse sentimento de certeza há muito tempo não me acompanha, então, me sinto um pouco desnorteada. Quero muito encontrar meu norte de novo.

Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?
Positivamente: palpitando e muito. Mas claro, sempre com boas intenções. Negativamente: Criticar com a intenção de menosprezar ou com a intenção de comparar. Afinal, cada um é cada um. 

Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?
Bem, não existem tantas pessoas que eu admire em tantas áreas. Moda e esporte, por exemplo, eu sou leiga. Mas tenho uma admiração profunda por Chico Buarque, Elis Regina e Milton Nascimento. São três músicos, e com excessão da Elis, compositores. Através da obra deles sempre tenho a sensação que eles falaram, fizeram, cantaram e compuseram tudo o que eu sempre quis fazer, cantar e compor. Além deles existem poetas como Drummond (que admiro pelo lirismo), romancistas como Machado (que admiro pela sua maldade e inteligencia) e Clarice Lispector (que admiro pela sua forma intimista de escrever, além de me inspirar, e muito). Na educação admiro os educadores como eu, da rede pública, que mata um leão por dia. 

Fernanda foi vizinha, colega de profissão na literatura e super amiga do João Lenjob e ela a redescobriu  recentemente e fez o convite para vir pro Castelo. Semana passada ela se inaugurou com um texto e agora cedeu esta entrevista fantástica. E, ela voltará.

Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta

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