segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Biblioteca: Drummond

Enloucresci

Diferente de tudo o que o ar oferece por ai. Mas foi assim que um dia amanheci o simples e cotidiano João e me deitei o novo e cotidiano poeta. Isso pelo simples fato de ter lido Drummond. O eterno cidadão de Itabira Carlos Drummond de Andrade é considerado por muitos o maior Poeta brasileiro de todos os tempos e para tantos outros o maior poeta de Língua Portugusa de todos os tempos. Ele completaria caso estivesse vivo, 109 anos e nesta oportunidade cativara o meu espaço de um jeito seu tão novo que já nem era tão moderno. Posso adiantar afirmando que é muito gratificante ser do estado do escritor Carlos, de ser da região que ele nasceu e dividir até parentes em comum e muitos. Artisticamente, na verdade eu nem me recordo de qual poema dele eu li que mexeu tanto comigo neste primeiro conhecimento. Talvez tenha sido José, talvez Cotovia ou quem sabe O Maior Trem do Mundo. De fato não me lembro mesmo, mas lembro da pureza expressiva e picante de seus versos e da natureza viva e regional de sua lírica. Algo mágico que felizmente está ao alcance de qualquer um. Naquele exato momento eu deixava de somente respirar meus próximos momentos e conduzir naturalmente a minha vida. Eu começava a traçar um destino em partes trilhado e em outras escrevendo. Estava ali partilhando um novo mundo, ainda que não fosse o maior, mas certo que o mais precioso. Era como se eu visualizasse rimas em cada esquinas e segredos em cada horizonte. Desvendando-os claro! Estava temperando meus novos dias com sabores diferentes e que ainda não conhecia ou tinha ideia da existência. A partir daquele momento eu começava a entender e aprender como tocar o céu ou conversar com os olhos e sentir apenas lendo. De uma forma férrea ou quiçá do Aço. Elementos tão comuns em nossa mineira região natal. E assim me sentindo o simples e derrotado José, mesmo chamado de João, busquei em suas poesias as asas de uma Cotovia para encontrar o maior trem do mundo e mesmo que parecesse longe o encontrei dentro de minha alma regional, de meu jeito de brincar escrevendo e da forma tão artística de viver, ou seja: enlouquecendo. Mas para um bom itabirano, drummondiano, "valedoaçano" basta: "enloucrescendo". Assim "enloucresci"! Eu enloucresci para não mais ser normal mesmo que para mim tenha atingido ou alcançando a mais pura normalidade. Eu enloucresci sabendo amar um amor que não cabe em corações tingidos e sim em corações que se deixam colorir. Eu enloucresci me perdendo no tempo e não me encontrando mais nele e gostando de estar enoucrescidamente perdido. Procurei pela tal pedra, mas não a tinha mais ali naquele caminho tão poético que assim me fez; enloucrescido.

Hoje faz aniversário de vida do Poeta, mesmo que o homem tenha nos deixado em 1987. Aí a importância da palavra imortal. Tão abençoado foi este Drummond.

João Lenjob
twitter: @lenjob
http://lenjob.blogspot.com

2 comentários:

  1. Como falava minha mãe a semente não cai longe da arvore.Parabéns meu lindo continue assim e parabéns sempre para Drummond, sempre adorei suas cronicas principalmente uma em que fala sobre o amor com o qual dormia pregado na cruz e de dia carregava está cruz como um menino bobo a tropeçar em pedras comparado o amor a um bursite uma dor burra que doi de se dar guinchos e terminava mais ou menos assim. Minha cara leitora se tem apresso pelo que eu escrevo me deseje uma boa bursite e nunca um amor como este.

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  2. "Eu enloucresci sabendo amar um amor que não cabe em corações tingidos e sim em corações que se deixam colorir" lindo!

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