Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.
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Você critica seus próprios trabalhos?
Sim. Procuro sempre revisitar o que eu já fiz e avaliar novamente o trabalho sob o olhar de cada época. E percebo que mudaria uma coisa ou outra se fosse refazer algum desses projetos, mas em geral continuo gostando dos resultados alcançados. A autocrítica é fundamental para seguirmos avançando, enquanto aprendermos com nossos erros e acertos.
O que é o amor?
É o que há de mais valioso na vida. Deve ser buscado em todas as nossas relações. Uma perspectiva amorosa de vida enriquece a experiência humana e a torna realmente frutífera. O amor contagia! Cito aqui Santo Agostinho: "Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos."
As conquistas interferem na vida pessoal?
Sim. Quando me sinto plenamente realizada no trabalho, sinto que isso traz reflexos em casa, entre os meus. E acho que minhas conquistas no campo afetivo, também me tornam mais capaz de me realizar nos outros campos da minha vida, como em minha profissão.
Qual o maior momento da carreira?
Foram muitos momentos felizes, inúmeros até. Só para citar um, que lembro com saudade, o lançamento da turnê do disco "Brasilêro", no Grande Teatro do Palácio das Artes, em 2004, com ingressos esgotados horas antes do espetáculo e vários dos músicos que mais admiramos conosco no palco, com luz e som perfeitos foi inesquecível.
Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?
Não penso muito nisso enquanto crio. Quando estou envolvida com algum processo criativo o que me norteia é a vontade de produzir, com uma enorme torcida para que dê certo, em todos os sentidos. Não tenho a fórmula do sucesso e gosto da sensação de apostar em alguma coisa e ver depois no que aquilo vai dar.
Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?
Pelo retorno que tenho do nosso público, acho que meu trabalho pode ser mais inspirador do que aquilo que digo. Mas como boa mineira, gosto muito de conversa, e, aproveito essas oportunidades para mostrar um pouquinho mais meu jeito de ser.
O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?
Não. Como disse acima, o que há de mais valioso na minha vida é o amor. Mas - é claro - como amo a música e tudo o que diz respeito ao meu trabalho com ela, esse amor coloca meu trabalho no rol das melhores coisas da minha vida.
O que você mais deseja atualmente?
No campo pessoal, ser cada vez melhor como mãe, esposa, filha, amiga, ou seja, evoluir nas minhas relações. Com relação ao meu trabalho, o que mais desejo é ter cada vez mais condições de continuar realizando meus projetos, ultrapassando as dificuldades que são inerentes ao trabalho do artista. Portanto, acho que o meu maior desejo é seguir num processo contínuo de amadurecimento e crescimento.
Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?
Embora me norteie primordialmente na minha vontade e na vontade de minhas irmãs - já que o Amaranto é um grupo - as interferências da personalidade de cada uma já é parte constitutiva do trabalho. O resultado que alcançamos é o denominador comum dos nossos interesses. Mas os músicos que trabalham conosco e as pessoas com quem mais convivemos representam contribuições ao trabalho. Quando estamos de acordo com suas opiniões, elas são reforços daquilo em que acreditamos ou são importantes contrapontos que nos obrigam a refletir o que fazemos, quando discordamos.
Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?
Admiro muita gente e sempre que me pedem para nomear alguém, sei que estou deixando de falar de gente que mereceria ser citada!!! Nesse sentido, essa é a pergunta mais difícil da entrevista... No campo da arte, admiro sobretudo aquelas pessoas que apresentam coerência entre o trabalho que realizam e as pessoas que são. O que não quer dizer que não admire aqueles artistas geniais e intempestivos, com quem chega a ser difícil conviver, mas tendo a gostar de gente simples e a me espelhar nelas. Então, vou escolher uma artista para nomear aqui: Adélia Prado. Leio seus belos textos, ouço suas palestras, leio suas entrevistas e acho que tudo se encaixa na pessoa que ela é. Ela busca a simplicidade (e a alcança), faz tudo com amor e é humilde, com a sabedoria de quem já viveu bastante, mas não o bastante, porque nunca perde o encantamento pela vida e a vontade de aprender.
A super educada e atenciosa Flávia Ferraz é Cantora do estimado grupo Amaranto de Belo Horizonte. Talentosa, é a dona do Cetro da vez. E esperamos tê-la muito mais aqui no Castelo.
Castelo do Poeta
twitter: @castelodopoeta
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