Com o Cetro: Cézar Fernandes

Quadro para profissionais da Cultura Brasileira com perguntas fixas elaboradas por João Lenjob inspirado no Livro Entrevistas de Clarice Lispector. Outros Profissionais com o Cetro.

Cezar Fernandes, Carioca, Publicitário, Fotógrafo, Professor de Fotografia, Agitador Cultural, Músico

Você critica seus próprios trabalhos?

Sempre critico meus trabalhos, sou muito crítico com o que produzo e faço disso uma ferramenta de aprimoramento do meu eu profissional. A cada trabalho que faço tento melhorar e corrigir o que não me agradou.

O que é o amor?

Como disse um dos filhos de Bob Marley em suas músicas, o amor é a minha religião, é minha motivação para ser uma pessoa melhor, um profissional melhor e melhor em tudo que me disponho a realizar. Ele me move em todos os sentidos e em tudo e diferente da paixão, ele não acaba, fica sempre ali e de vez em quando mostra seus sinais.

As conquistas interferem na vida pessoal?

Sempre interferem, por mais que tentemos separar a vida profissional da pessoal, à medida que vamos conquistando espaço, vamos diminuindo nosso tempo disponível, aumentando nossa exposição e precisando cumprir os compromissos para que estas conquistas tenham real valor. Além disso, estas conquistas dependem de tempo e esforço, o que acaba sacrificando o tempo para a vida pessoal, e nos faz pensar também onde está o ponto que separa o pessoal do profissional. Para alguns eu sou o Cezar fotógrafo, para outras o Cezar guitarrista, ou produtor, ou flamenguista. Chega um ponto que o profissional e o pessoal andam tão próximos que fica difícil

separar.

Qual o maior momento da carreira?

Não sei se ele já chegou, mas cada publicação, exposição, cada reconhecimento, cada elogio ao meu trabalho é um acontecimento importante na minha carreira. Estou vivendo um momento importante agora mesmo, com a abertura do meu estúdio, fruto de muito trabalho em veículos de comunicação e freelas. Isso me permite uma liberdade maior nos trabalhos, no atendimento a meus clientes e agora também um espaço para cursos e oficinas, onde posso levar a frente uma face do meu trabalho que até então não conhecia, ensinar.

Quando você sabe que vai dar certo algum trabalho?

Quando o cliente nos dá liberdade para trabalhar. Fotografar não é apenas registrar o que o cliente precisa, mas também mostrar um pouco da forma que enxergamos o que fotografamos. Nem sempre isto é possível, mas quando há esta liberdade, trabalhamos com mais facilidade e isso permite a captação de imagens dentro da estética que esperamos.

Como você acha que o Castelo pode ser exemplar ou inspirador através da sua pessoa?

Uma ferramenta que fala de arte, nos seus melhores aspectos, como o Castelo, é sempre inspirador. Conhecer o trabalho de diferentes profissionais, de diferentes áreas, faz com que estejamos sempre buscando o aprimoramento em nossas atividades.

O seu trabalho é a coisa mais importante de sua vida?

Não, estar bem comigo mesmo é o mais importante. O trabalho é o que me dá condições de procurar as formas de estar bem. Mas muita coisa vem na frente, principalmente a família, os amigos e os amores. Já precisei trabalhar enquanto alguém precisava de mim e não foi nada bom. A partir daí passei a não deixar o trabalho me manipular, e passei a dar mais atenção às pessoas a minha volta. Até por que o artista precisa estar em paz para realizar seus trabalhos, e estas situações nos tiram esta paz.

O que você mais deseja atualmente?

Tenho alguns projetos em andamento, livro, exposição e eventos, então o que mais desejo é estar sempre motivado para levar estes projetos a frente.

Como as pessoas podem interferir no seu trabalho?

Uma pequena conversa pode interferir muito no meu trabalho. Conversar com as pessoas nos traz experiências e vivências que não tivemos, e observar estas diferentes experiências pode influenciar diretamente na criação, nos dar idéias e motivar a realização. Acho que esta é a melhor forma de alguém interferir no meu trabalho.

Quais os profissionais da arte, moda, esportes, educação, saúde e afins você mais admira pela natureza profissional e pessoal?

Tenho algumas referências fotográficas em artistas como Cartier Bresson, Ansel Adams, Sebastião Salgado, Flávio Damm e muitos outros grandes nomes. Atualmente tenho curtido muito o trabalho de um artista que utiliza a fotografia como suporte que é o Vik Muniz. Hoje com a internet temos acesso a vários artistas, mas precisamos de ferramentas como o Castelo para que estes nomes cheguem até nós. Não posso deixar de citar alguns outros nomes que sempre passo para dar uma olhada nos trabalhos, como Evandro Teixeira, Peter Lippman e Jim Marshal, estilos distintos, mas que sempre servem como ótimas referências.

Cartier Bresson, Ansel Adams, Sebastião Salgado, Flávio Damm, Com o Cetro, Cézar Fernandes, Porta-Retrato, Estúdio, Educação, Vik Muniz, Evandro Teixeira, Peter Lippman, Jim Marshal Não foi a toa que segundo Lenjob, o Cézar era um dos melhores colegas de Faculdade, quando cursaram juntos Publicidade. Versátil, inteligente, dedicado e talentoso foram os adjetivos citados pelo nosso Editor. Segundo ele, lembra que durante algumas aulas de outras disciplinas, Fernandes estava na Sala deFotografia analisando detalhadamente seus trabalhos e quando fizeram juntos o Trabalho Final de Fotografia em homenagem ao mestre Drummond João ficou com a parte mais literária e o nosso entrevistado com a ilustrativa e o restante do grupo, sem perder o mérito, no suporte. Esperamos ver de novo este grande artista novamente aqui no Castelo.

Castelo do Poeta

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